Esforços dietéticos para controlar a pressão arterial elevada têm-se centrado, historicamente, na limitação da ingestão de sódio.
Entretanto, existem indícios de que o consumo de açúcares, principalmente nos alimentos industrializados pode ser tão ou mais importante para a hipertensão arterial do que o sal adicionado aos alimentos.
Por exemplo, um estudo coordenado pelos professores James DiNicolantonio, do Saint Luke’s Mid America Heart Institute (Kansas City, Missouri) e Sean Lucas, do Montefiore Medical Center (Bronx, New York) e publicado em novembro de 2014 na revista Open Heart chegou à conclusão de que “a ênfase na diminuição da ingesta de sódio para auxiliar na redução de hipertensão é totalmente equivocada e sem comprovação científica”.
Para eles, o açúcar adicional, principalmente quando vem na forma de frutose, aumenta o risco cardiovascular, por induzir disfunções metabólicas, aumentando a pressão arterial e a demanda cardíaca por oxigênio, assim elevando a frequência cardíaca, e consequentemente produzindo inflamação.
DiNicolantonio foi até mais enfático numa entrevista ao MedPage Today, ao chamar a orientação de reduzir a ingestão de sódio de “o maior engodo em nutrição preventiva da história”. Segundo ele, “o estudo mostra que 3 a 4 gramas de sódio diariamente é o nível associado com o mais baixo risco de doenças cardiovasculares e de todas as causas de morte, então, por que as orientações oficiais falam num limite de menos de 2 g de sódio (menos de 5g de sal de cozinha)?”.
Como controlar a Pressão Arterial
Focar apenas na limitação do sal de mesa ou cozinha é um erro estratégico.
Há muito pouco debate sobre de onde vem a maior parte do sal consumido pela maior parte da população urbana. Um estilo alimentar rico em alimentos prontos ou processados adiciona uma carga de sódio além dos limites toleráveis.
Além disso, alimentos processados contêm açúcares, principalmente na forma de frutose. Conhecido como o “açúcar das frutas”, na verdade, é adicionado aos alimentos na forma de xarope de frutose.
Hoje já conhecemos seu efeito do desenvolvimento da hipertensão, da obesidade, da elevação da gordura visceral e do ácido úrico (contribuindo para a gota).
O consumo de frutose por fontes industrializadas levam ao aumento da atividade do sistema nervoso simpático (adrenalina), elevam a frequência cardíaca, a secreção de renina, a retenção de sódio pelos rins com consequente elevação da pressão arterial.
Outro estudo, publicado no JAMA, coordenado por Yang, mostrou que comparado aos pacientes que consumiam menos de 10% de suas calorias em açúcares adicionados, aqueles que consumiam entre 10 e 25% tiveram uma aumento de 30% no risco de mortes por doenças cardiovasculares. E aqueles que consumiam mais de 25% de açúcares tinham o triplo de risco de morte. Há ainda sinais claros do papel da ingestão de frutose no aumento de triglicerídeos e da insulina de jejum.
Podemos Concluir
Eis o maior erro das recomendações restritivas: assim como a maior parte do sódio consumido pela população não vem do saleiro, a maior parte do açúcar consumido não está no cafezinho. O ideal seria focar na recomendação de restringir a ingesta de produtos prontos ou processados (conhecido popularmente como junk food).
Certamente, isto não significa que você está livre para consumir quanto sal quiser ou quantas colherinhas de açúcar desejar. Significa apenas que restringir a ingestão de sal pode não ser a única estratégia para controlar sua pressão arterial.
E restringir demais pode até ser pior para sua saúde. Converse com seu médico sobre isso, sem se esquecer de que é necessária a ingestão de água em quantidade suficiente para diluir o sal consumido.
Também significa que sua pressão arterial pode se manter elevada por conta da frutose presente nos mesmos alimentos processados, incluindo refrigerantes e outros produtos alimentícios.
E que você deve aprender a olhar os rótulos para saber que ingredientes estão presentes no produto que você está comprando.