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COMIDA COMO FORMA DE TERAPIA, EXISTE?

Nos tempos atuais, comida é um produto altamente prestigiado. É só prestarmos atenção ao grande número de programas de culinária, com chefs famosos, celebridades, livros e blogs com conselhos dietéticos, restaurantes que atendam a todos os gostos… Parece que o mundo onde vivemos se tornou obcecado pelo que comemos.

Entretanto, se nos lembrarmos da letra de Arnaldo Antunes, quando ainda era integrante dos Titãs, “a gente não quer só comida, a gente quer comida diversão e arte”. Na verdade, o que ainda falta neste terreno é a discussão de que comida não é apenas combustível.

O ato de nos alimentarmos é ancestral e, desde que nos tornamos seres gregários e passamos a entender o que significa viver em sociedade, passamos a associar a comida a questões muito além do físico.

Os alimentos não têm somente valor nutricional (daqueles que vemos nos rótulos), eles também carregam outros valores.

  1. Comida nos Reequilibra

Todos nós pendemos para um lado, mais do que outro. Somos mais intelectuais ou emocionais, masculinos ou femininos, calmos ou excitados. O alimento que adoramos é, frequentemente, aquele que nos reequilibra ou que nos contrabalança.

Quando nos movemos na direção de um alimento é porque ele contém uma dose concentrada de qualidades que precisamos em nossas vidas. Pode ser a serenidade que tanto admiramos em alguém, ou a ternura que nosso trabalho ou relacionamento impede que aflore voluntariamente. O alimento que chamamos de “saboroso” dá pistas sobre o que está nos faltando em nossa psique, não apenas em nosso estômago.

  1. Comida nos reconecta com partes indescritíveis de nós mesmos

Somos seres complexos. Nem todas as nossas camadas chegam à superfície. Temos histórias de vida que preencheriam vários livros. Às vezes, até nos esquecemos delas (propositadamente ou não). São coisas que podem esconder nosso lado brincalhão e nos fazer parecer contemplativo.

Certos alimentos podem acessar regiões psicológicas ocultas, como aquele peixe com batatas fritas que sua avó fazia quando você tinha oito anos. A visão, o cheiro ou a simples menção faz emergir sensações tão vívidas que parece que tudo aconteceu na semana passada. Graças à comida, cada um de nós pode se reconectar com épocas importantes de nossa própria história íntima.

  1. Comida pode mudar nossas vidas

Alimentos são portadores de filosofias (ser mais gentil, lembrar-nos que precisamos de doçura, aprender a ter coragem…). Quando precisamos mudar nossas vidas, o alimento pode desempenhar um papel importante. Certamente, precisamos nos cercar de outras coisas, como por exemplo, aquele livro que nos impulsiona na direção correta, nos amigos, no trabalho, férias, um grande amor ou mesmo um susto que coloca nossa saúde em risco…

São situações que nos exige uma relação diferente com a comida. Precisamos dela para nos ajudar nesta missão que nos levará a uma vida menos desordenada, mais conectada com ou outros e nós mesmos. Pode até trazer de volta aquele homem ou mulher que você desejava ser em outro momento de sua vida.

  1. Alimentos podem compensar o abandono religioso nos tempos atuais

Alain de Botton, em seu livro Religião para Ateus escreve: “tiramos a religião e não colocamos nada no lugar”. A religião contém rituais; pode ser uma data especial para nos fazer refletir sobre ideias ou experiências. Nelas, a comida sempre esteve presente. Dizem os historiadores que, Jesus e seus discípulos, avisavam que no almoço ou jantar, o Messias iria até aquela residência para falar de suas ideias.

Os próprios alimentos são cuidadosamente escolhidos para determinadas ocasiões, pois simbolizam certas virtudes que devem ser destacadas naquele momento. Religião tem origem na palavra “religação”, ou seja, aquilo que nos reconecta. Era assim que a religião queria dizer algo sobre como conduzir nossas vidas. Mesmo que tenhamos abandonado a religião, seria prudente que pensássemos nos alimentos como uma forma de expressar o que sentimos ou pensamos sobre determinados temas.

Pode ser muito útil na formação das crianças, por exemplo. E alguns hábitos antigos tinham sua função: a simples prece antes das refeições era uma maneira de render homenagem às coisas que estamos comendo, aos animais e plantas sacrificados para satisfazer nossas necessidades e desejos, assim como aos lugares e às pessoas que os produziram.

Era um modo de celebrar tanto a espécie como nossa relação com ela. Precisamos encontrar os alimentos que nos reconectem e criar nossos próprios rituais. Ou seja, devemos buscar que valores achamos importantes para, então, liga-los a alimentos específicos.

  1. Cozinhar é o caminho da individualização

Nossa vida sempre começa com alguém nos dando a comida que acha que nós iremos gostar. Muitas vezes se enganam. Passamos muito tempo comendo coisas que não nos fazem feliz, apenas por estarmos acostumados.

Tornamo-nos “indivíduos” quando passamos a organizar os pedaços do mundo que nos cerca em sintonia com nossos ritmos internos. Saber cozinhar e ser capaz de assumir a responsabilidade pela própria alimentação está entre as habilidades elementares de todo ser humano.

Quem ainda não desenvolveu essa capacidade está em fase de crescimento e ainda não se tornou uma pessoa autônoma.

  1. Comida é um ato de comunicação

Quantas vezes expressamos nosso amor ou recebemos um agradecimento através dos alimentos? Pode ser a maneira de dizer o quanto amamos alguém preparando um jantar romântico, um almoço especial expressando a alegria por alguém ter voltado ao lar, ou ainda um prato para unir toda a família em celebração a um evento importante.

E então, preparados para ampliar sua relação com a comida? Que tal começar hoje mesmo, em sua próxima refeição?

Lembre-se, O caminho para a saúde não possui atalhos. Quem não está pronto para isso, não está pronto para ser saudável.

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